Entrevista do ex-Presidente Lula á revista
Valor Econômico:
Valor: Como está sua saúde?
Luiz Inácio Lula da Silva: Agora estou
bem. Há um ano vou à fisioterapia todos os dias às 6h da manhã. Minha perna
agora está 100%. Estou com 84 quilos. É 12 a menos do que já pesei mas é oito a
mais do que cheguei a ter. Não tem mais câncer, mas a garganta leva um bom tempo
para sarar. A fonoaudióloga diz que é como se fosse a erupção de um vulcão. Tem
uma pele diferenciada na garganta que leva tempo para cicatrizar. Quando falo dá
muita canseira na voz. Já tenho 67 anos. Não é mais a garganta de uma pessoa de
30 anos.
Valor: O senhor deixou de fumar e
beber?
Lula: Não dá mais porque irrita a
garganta.
Valor: Dois anos e três meses depois
do início do governo Dilma, qual foi seu maior acerto e principal
erro?
Lula: Quando deixei a Presidência, tinha
vontade de dar minha contribuição para a Dilma não me metendo nas coisas dela. E
acho que consegui fazer isso quando viajei 36 vezes depois de deixar o governo.
Fiquei um ano imobilizado por causa do câncer. Estou voltando agora por uma
coisa mais partidária. Sinceramente acho que no meu governo eu deixei muita
coisa para fazer. Por isso foi importante eleger a Dilma, para ela dar
continuidade e fazer coisas novas. O Brasil nunca esteve em tão boas mãos como
agora. Nunca esse país teve uma pessoa que chegou na Presidência tão preparada
como a Dilma. Tudo estava na cabeça dela, diferentemente de quando eu cheguei,
de quando chegou Fernando Henrique Cardoso. Você conhece as coisas muito mais
teóricas do que práticas. E ela conhecia por dentro. Por isso que estou muito
otimista com o sucesso da Dilma e ela está sendo aquilo que eu esperava dela.
Foi um grande acerto. Tinha obsessão de fazer o sucessor. Eu achava que o
governante que não faz a sucessão é incompetente.
Valor: A presidente baixou os juros,
desonerou a economia, reduziu tarifas de energia e apreciou o câmbio. Ainda
assim não se nota entusiasmo empresarial por seu governo ou sua reeleição. A que
o senhor atribui a insatisfação? Teme-se que esse governo não tenha uma política
anti-inflacionária tão firme ou é pela avaliação de que o governo Dilma seja
intervencionista?
Lula: Não creio que haja má vontade dos
empresários com a presidente. Passamos por algumas dificuldades em 2011 e 2012
em função das políticas de contração para evitar a volta da inflação. Foi
preciso diminuir um pouco o crédito e aí complicou um pouco, mas Dilma tem feito
a coisa certa. Agora tem conversado mais com setores empresariais. Acho que os
empresários brasileiros, e eu vivi isso oito anos assim como Fernando Henrique
também viveu, precisam compreender que uma economia vai ter sempre altos e
baixos. Não é todo dia que a orquestra vai estar sempre harmônica. O importante
é não perder de vista o horizonte final. O Brasil está recebendo US$ 65 bilhões
de investimento direto. Então não dá para se ter qualquer descrença no Brasil
nesse momento. Nunca os empresários brasileiros tiveram tanto acesso a crédito
com um juro tão baixo. Vamos supor que a Dilma não tivesse a mesma disposição
para conversar que eu tinha. Por razões dela, sei lá. O dado concreto é que, de
uns tempos para cá, a Dilma tem colocado na agenda reuniões com empresários e
partidos políticos.
Valor: Os empresários acham que ela é
ideológica demais…
Lula: O que é importante é que ela não
perde suas convicções ideológicas, mas não perde o senso prático para governar o
país. Ela não vai governar o país com ideologia. Se alguém ainda aposta no
fracasso da Dilma, pode começar a quebrar a cara. Ela tem convicção do que quer.
Esses dias liguei para ela e disse para tomar cuidado para não passar dos 100%.
Porque há espaço para ela crescer. Vai acontecer muito mais coisa nesse país
ainda. Não adianta torcer para não ter sucesso. Não há hipótese de o Brasil não
dar certo.
Valor: A queixa é de que tudo que
eles [os empresários] precisam têm que falar com a presidente porque os
ministros não têm autonomia para decidir, ela não delega. É isso?
Lula: Se isso foi verdade, já acabou.
Sinto, nos últimos meses, que a Dilma tem feito muito mais reuniões. Tem soldado
muito mais o governo. A pesquisa mostra que o governo vem crescendo e vai chegar
perto dela nas pesquisas. E os ajustes vão acontecendo. É a primeira vez que a
gente tem uma mulher. O papel dela não é tão fácil quanto o meu porque 99% das
pessoas que recebia eram homens, e homem fala coisa que mulher não pode falar,
conta piada. Não há hábito do homem ainda perceber a mulher num cargo mais
importante. Mas os homens vão ter que se acostumar. Uma mulher não pode se
soltar numa reunião onde só tenha homem. Então acho que as pessoas têm que
aprender a gostar das outras pessoas como elas são. A Dilma é assim e é assim
que ela é boa para o Brasil. A mesma coisa é a Graça [Foster]. É uma mulher
muito respeitada também. Não brinca nem é alegre, mas cada um tem seu jeito de
ser.
Valor: Seu governo viabilizou
projetos essenciais para o rumo que a economia pernambucana tomou, como o polo
petroquímico e a fábrica da Fiat. A pré-candidatura Eduardo Campos, que agrega
adversários fidagais de seu governo, como Jarbas Vasconcelos e Roberto Freire, e
anima até José Serra, é uma traição?
Lula: Não. Minha relação de amizade com
Eduardo Campos e com a família dele, que passa pela mãe, pelo avô e pelos
filhos, é inabalável, independentemente de qualquer problema eleitoral. Eu não
misturo minha relação de amizade com as divergências políticas. Segundo, acho
muito cedo pra falar da candidatura Eduardo. Ele é um jovem de 40 e poucos anos.
Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado. Me parece que
não tem vontade de ser senador da República nem deputado. O que é que ele vai
ser? Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na
política brasileira, tão necessitada de novas lideranças. Se tirar o Eduardo,
tem a Marina que não tem nem partido político, tem o Aécio que me parece com
mais dificuldades de decolar. Então é normal que ele se apresente e viaje pelo
Brasil e debata. Ainda pretendo conversar com ele. A Dilma já conversou e mantém
uma boa relação com ele.
Valor: O Fernando Henrique teve como
candidato um ministro e o senhor também. O senhor acha que ainda é possível
demover Eduardo Campos com a proposta de que ele se torne um ministro importante
no governo Dilma e depois seu candidato? É possível se comprometer com quatro
anos de antecedência?
Lula: Somente Dilma é quem pode dizer
isso. Não tenho procuração nem do Rui Falcão [presidente do PT] nem da Dilma
para negociar qualquer coisa. Vou manter minha relação de amizade com Eduardo
Campos e minha relação política com ele. Até agora não tem nada que me faça
enxergá-lo de maneira diferente da que enxergava um ano atrás. Se ele for
candidato vamos ter que saber como tratar essa candidatura. O Brasil comporta
tantos candidatos. Já tive o PSB fazendo campanha contra mim. O Garotinho foi
candidato contra mim. O Ciro também. E nem por isso tive qualquer problema de
amizade com eles. Candidaturas como a do Eduardo e da Marina só engrandecem o
processo democrático brasileiro. O que é importante é que não estou vendo
ninguém de direita na disputa.
Valor: Já que o senhor tem uma
relação tão forte de amizade com ele, vai pedir para Eduardo Campos não se
candidatar?
Lula: Não faz parte da minha índole
pedir para as pessoas não se candidatarem porque pediram muito para eu não ser.
Se eu não fosse candidato eu não teria ganho. Precisei perder três eleições para
virar presidente. Eu não pedirei para não ser candidato nem para ele nem para
ninguém. A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha ministra o tempo que
ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram para eu falar com ela para
não ser candidata e eu disse: “Não falo”. Acho bom para a democracia. E
precisamos de mais lideranças. O que acho grave é que os tucanos estão sem
liderança. Acho que Serra se desgastou. Poderia não ter sido candidato em 2012.
Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai dar certo. Poderia estar
preservado para mais uma. Mas Serra quer ser candidato a tudo, até síndico do
prédio acho que ele está concorrendo agora. E o Aécio não tem a performance que
as pessoas esperavam dele.
Valor: Quem é o adversário mais
difícil da presidente: Aécio, Marina ou Eduardo?
Lula: Não tem adversário fácil. O que
acho é que Dilma vai chegar na eleição muito confortável. Se a gente trabalhar
com seriedade, humildade e respeitando nossos adversários e a economia estiver
bem, com a inflação controlada e o emprego crescendo, acho que certamente a
Dilma tem ampla chance de ganhar no primeiro turno.
Valor: Como vai ser sua atuação na
campanha de 2014? Vai atuar mais nos bastidores, na montagem das alianças, ou
vai subir em palanque em todos os Estados?
Lula: Eu quero palanque.
Valor: Vai subir em Pernambuco e
pedir votos para Dilma?
Lula: Vou. Vou lá, vou em Garanhuns, vou
no Rio, São Paulo, na Paraíba, em Roraima…
Valor: Seus médicos já
liberaram?
Lula: Já. Se eu não puder eu levo um
cartaz dela na mão (risos). Não tem problema. Acho que ela vai montar uma
coordenação política no partido e eu não sou de trabalhar bastidores. Eu quero
viajar o país.
Valor: Nem às costuras de alianças o
senhor vai se dedicar?
Lula: Não precisa ser eu. O PT
costura.
Valor: Quais são as alianças mais
difíceis? Como resolver o problema do Rio?
Lula: No Rio tem uma coisa engraçada
porque nós temos o Pezão, que é uma figura por quem eu tenho um carinho
excepcional. Nesses oito anos aprendi a gostar muito do Pezão, um parceiro
excepcional. E tem o Lindbergh.
Valor: Ele disse que vai fazer o que
o senhor mandar…
Lula: Não é bem assim. Eu não posso
tirar dele o direito de ser candidato. Ele é um jovem talentoso, um encantador
de serpentes, como diriam alguns, com uma inteligência acima da média, com uma
vontade de trabalhar, como poucas vezes vi na vida. Ele quer ser. Cabe ao
partido sempre tratar com carinho, porque nós temos que ter sempre como
prioridade o projeto nacional. Ou seja: a primeira coisa é a eleição da Dilma.
Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer risco. Não podemos
truncar nossa aliança com o PMDB. Acho que o PT trabalha muito com isso e que
Lindbergh pode ser candidato sem causar problema. Acho que o Rio vai ter três ou
quatro candidaturas e ele, certamente, vai ser uma candidatura forte. Obviamente
Pezão será um candidato forte, apoiado pelo governador e pela prefeitura. Na
minha cabeça o projeto principal é garantir a reeleição de Dilma. É isso que vai
mudar o Brasil.
Valor: Aqui em São Paulo o candidato
é o Padilha?
Lula: Olha, acho que a gente não tem
definição de candidato ainda. Você tem Aloizio Mercadante, que na última eleição
teve 35% dos votos, portanto ele tem performance razoável. Tem o Padilha, que é
uma liderança emergente no PT, que está em um ministério importante. Tem a Marta
que eu penso que não vai querer ser candidata desta vez. Tem outras figuras
novas como o Luiz Marinho, que diz que não quer ser candidato. Tem o José
Eduardo Cardozo, que vira e mexe alguém diz que vai ser candidato e você pode
construir aliança com outros partidos políticos. Para nós a manutenção da
aliança com o PMDB aqui em São Paulo é importante.
Valor: Isso passa até pelo PT aceitar
um candidato do PMDB?
Lula: Se tiver um candidato palatável,
sim. Nós nunca tivemos tanta chance de ganhar a eleição em São Paulo como agora.
A minha tese é a mesma da eleição de Fernando Haddad. Ou seja, alguém que se
apresente com capacidade de fazer uma aliança política além dos limites do PT,
além dos limites da esquerda. Como é cedo ainda, temos um ano para ver isso. Eu
fico olhando as pessoas, vendo o que cada um está fazendo. E pretendo, se o
partido quiser me ouvir, dar um palpite.
Valor: Em 2012, em São Paulo, o
senhor defendeu a renovação do partido, com um candidato novo. Essa fórmula será
mantida para o governo do Estado?
Lula: Hoje temos condições de ver
cientificamente qual é o candidato que o povo espera. Por exemplo, quando Haddad
foi candidato a prefeito, eu nunca tive qualquer preocupação. Todas as pesquisas
que a gente trabalhava, as qualitativas que a gente fazia, toda elas mostravam
que o povo queria um candidato como ele. Então era só encontrar um jeito de
desmontar o Russomanno, que em algum lugar da periferia se parecia com o
candidato do PT. Na época eu não podia nem fazer campanha direito. Estava com a
garganta inchada. Eu subia no caminhão para fazer discurso sem poder falar, mas
era necessário convencer as pessoas de que o candidato do PT era o Haddad, não
era o Russomanno. Quando isso engrenou, o resto foi mais tranquilo. Para o
governo do Estado é a mesma coisa. Não é quem sai melhor na pesquisa no começo.
É quem pode atender os anseios e a expectativa da sociedade.
Valor: E quem pode?
Lula: Não sei. Temos que ter muito
critério na escolha. A escolha não pode ser em função só da necessidade da
pessoa, de ela querer ser. Tem que ser em função daquilo que é importante para
construir um leque de aliança maior. Temos que costurar aliança, temos que
trazer o PTB, manter o Kassab na aliança e o PMDB. Precisamos quebrar esse
hegemonismo dos tucanos aqui em São Paulo, porque eles juntam todo mundo contra
o PT. Precisamos quebrar isso. Acho que temos todas as condições.
Valor: Desde que deixou a
Presidência, o senhor tem sido até mais alvejado que a presidente. Foi acusado
de tentar manter a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo.
Agora foi acusado de ter suas viagens financiadas por empreiteiras. Como o
senhor recebe essas críticas e como as responde?
Lula: Quando as coisas são feitas de
muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao
luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele
plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco
um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido.
Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que
um ser humano poderia fazer nesse país. O que faz um presidente da República?
Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique
Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para
empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E
eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer
palestra. Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar
dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país.
Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências
administrativas como eu. Quando era presidente, fazia questão de viajar para
qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode
fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude
daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para
mostrar que o Brasil vai dar certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as
coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver
vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar
fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior
prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. Esse é o
papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a
Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era
para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. Tinham dois carros, um da
Ford e um da GM, e ele falou: “Eu não posso fazer merchandising”. Eu disse:
“Pois eu faço das duas”. Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da
Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico
com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar
falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena.
Valor: O senhor acha que São Paulo
corre risco de perder a abertura da Copa porque o Banco do Brasil não vai
liberar dinheiro sem garantias?
Lula: Sinceramente não acredito que as
pessoas que fizeram o sacrifício para chegar onde chegaram vão se permitir
morrer na praia agora. A verdade é que o Corinthians precisa de um estádio de
futebol independentemente de Copa do Mundo. São Paulo não pode ficar fora da
Copa. Acho que seria um prejuízo enorme do ponto de vista político e simbólico o
Estado mais importante da Federação, com os times mais importantes da Federação
– com respeito ao Flamengo – esteja fora da Copa do Mundo. É impensável. Eles
que tratem de arranjar uma solução.
Valor: O senhor voltará à política em
2018?
Lula: Não volto porque não saí.
Valor: Voltará a se
candidatar?
Lula: Não. Estarei com 72 anos. Está na
hora de ficar quieto, contando experiência. Mas meu medo é falar isso e ler na
manchete. Não sei das circunstâncias políticas. Vai saber o que vai acontecer
nesse país, vai que de repente eles precisam de um velhinho para fazer as
coisas. Não é da minha vontade. Acho que já dei minha contribuição. Mas em
política a gente não descarta nada.
Valor: Que análise o senhor faz do
julgamento do mensalão?
Lula: Não vou falar por uma questão de
respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou
esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha
opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é
prudente que um ex-presidente fique dizendo “Ah, gostei de tal votação”, “Tal
juiz é bom”. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a
votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso
do mensalão